No dia 09 de junho de 2022, os alunos do curso de Serviço Social, coordenado pela Profa. Sther Cunha, contaram com palestra sobre o tema ‘’O trabalho do Serviço Social por uma sociedade anti-capacitista e os direitos das pessoas com deficiência’’, ministrada por Michelle Talita Moreira, assistente social da APAE-BH – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Belo Horizonte. A atividade fez parte da disciplina Política Setorial – pessoa com deficiência e idoso, lecionada pelo Prof. Leonardo Koury Martins.
Michelle Moreira iniciou sua apresentação questionando o que vem à mente de cada um quando pensam em PcD’s – Pessoas com Deficiência. Isto porque é comum a sociedade lembrar-se desses indivíduos como pessoas inferiores ou incapazes, o que influencia até mesmo nas terminologias utilizadas para se referir a este grupo. Assim, foi possível entender que o uso do diminutivo e de termos como ‘’especial’’ e ‘’portador de deficiência’’ acabam sendo maneiras que desmerecem os PcD’s e, por isso, não devem ser utilizadas. A assistente social pontua que a deficiência existe e que não deve ser escondida, pois não é nenhum demérito. Ela conclui que ‘’a maior deficiência da sociedade é a negação’’.
Ao longo da exposição, que acabou tornando-se uma roda de conversa, dado o grande envolvimento dos alunos, Michelle trouxe situações cotidianas da vivência dos assistentes sociais que trabalham com PcD’s. Violação de direitos; invisibilidade; violência sexual; abandono paterno; e crianças deixadas para adoção foram algumas das questões abordadas. A palestrante discutiu também sobre o BPC – Benefício de Prestação Continuada, e entregou para todos uma cartilha com a Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146/2015. Ainda, ressaltou a realidade das políticas de assistência em relação ao Governo Federal e ao Poder Judiciário, e expôs algumas experiências vividas ao longo da profissão.
Segundo Michelle Moreira: ‘’Compartilhar com o público informações sobre os direitos e as violações que ocorrem com pessoas com deficiência e com o público idoso contribui com toda a ação prática do acadêmico, assim como possibilita um descortinado de ideias, já que, muitas vezes, quem não vivencia essa realidade não sabe exatamente o que acontece’’. A assistente social completa: ‘’Acho que foi uma troca muito grande, porque os alunos puderam fazer questionamentos, e nem sempre eles têm essa oportunidade. Além do conhecimento teórico, hoje eles viram na prática um pouco sobre essas violações de direitos que, muitas vezes, são ignoradas pela nossa sociedade. Temos que dar visibilidade aos casos’’.
O Prof Leonardo Koury também comenta sobre a palestra: ‘’A violação de direitos, especialmente no âmbito de pessoas idosas e pessoas com deficiência, ainda é muito grande no Brasil. E o Brasil é um país em que essas violências também articulam-se com descaso, com negligência, com ausência de garantia de direitos; e ter pessoas que estão no dia-a-dia do trabalho, como a Michelle, que abrem portas de estágio, mas também abrem esse lugar de discussão é muito importante para a Universidade, porque esse lugar da troca, do que acontece, do que se estuda é a sala de aula’’.
Os alunos mostraram-se bastante engajados com a temática e deram feedback positivo da aula. Segundo Arthur Dias, estudante do 7º período: ‘’O que a Michelle falou nos proporciona uma reflexão, tanto como profissional quanto como pessoa. Nos ajuda a ter um olhar mais crítico, para a gente entender que lá na frente, quando for a nossa vez, teremos que ser profissionais que focam em uma intervenção verdadeira, que enxergam o problema, que não se deixam levar pelo comodismo, pela negligência, ou pela omissão. Acho que foi uma reflexão, um incômodo pra gente nesse lugar de cidadão, de sujeito de direito. Nos fez pensar em qual lugar vamos querer estar inseridos’’.
Nilma da Silva, que também é aluna do 7º período, ressaltou: ‘’Esse tipo de discussão é muito importante para a nossa formação. Sobre os termos utilizados para se referir às pessoas com deficiência, por exemplo, muitas vezes eu não sabia como falar adequadamente. A gente vai se desconstruindo para se adequar, porque nós, enquanto futuras assistentes sociais, precisamos ter essa noção das falas para respeitar o indivíduo como sujeito de direito. E a palestra foi enriquecedora! É um pouco chocante vermos a realidade da violação de direitos, mas precisamos nos preparar para isso, porque é uma realidade que iremos encontrar. Então, devemos estar preparadas técnica e emocionalmente, para que viabilizemos o direito das pessoas’’.
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