Resultados das pesquisas:
- Os dados mostram que na percepção das Gerações X e Y não houve facilitador durante o percurso profissional para o alcance do cargo gerencial. Essa conquista foi fruto do próprio trabalho, comprometimento, desempenho, interesse, busca pelo conhecimento e vontade de crescer;
- Percebeu-se que as mulheres da Geração X apontam com maior frequência o machismo como barreira e preconceito que uma gerente precisa enfrentar para a continuidade da ascensão profissional, enquanto a Geração Y aponta o fato de ser jovem e já ocupar cargo gerencial e de a mulher ser rotulada como sexo frágil;
- A influência familiar se faz presente na trajetória profissional tanto da Geração X quanto da Geração Y. Para a Geração X a influência familiar foi percebida pela formação e educação recebida ou, ainda, pela própria ambição das mulheres. Para a Geração Y a família influenciou na busca de sua independência financeira, no crescimento profissional e na tomada de decisão ainda muito jovem;
- Uma informação importante destacada pelas participantes é a igualdade salarial de homens e mulheres nas construtoras onde trabalham, constatação que interessa a esse estudo, pois contraria a maioria dos estudos que abordam essa temática, uma vez que historicamente o trabalho do homem é mais valorizado do que o trabalho da mulher;
- Para a maioria, os significados transmitem sentimentos positivos, tais como “realizar um sonho”, “ser reconhecida”, superação, apesar de não negarem a exaustiva rotina das tarefas ali desenvolvidas. O exercício da profissão se traduz na “realização de um sonho”, em “uma experiência espetacular e desafiadora”. Ao se depararem com uma nova realidade, se orgulham e se percebem diferenciadas, representando um avanço e a quebra de um tabu;
- A presença feminina no canteiro de obras embora tenha crescido nos últimos anos, ainda causa estranhamento e desconforto. Alguns relatos afirmam que possuem uma boa aceitação dos colegas; outras informaram que a aceitação não é total, pois uma pequena parte dos colegas ainda demonstra preconceito e resistência. O reconhecimento por parte dos colegas homens ocorre para a maioria das mulheres participantes e uma pequena parte afirma que recebe mais elogios do que críticas;
- No que tange à remuneração da categoria gerencial no setor industrial farmacêutico, não foram apontadas diferenças entre homens e mulheres e a maioria das entrevistadas indicam que a diferença salarial não está atrelada ao sexo e sim à classificação dos níveis gerenciais, como Júnior, Pleno, Sênior, sendo considerado o perfil e a competência;
- Apontaram também a existência de benefícios diferenciados, como o auxílio creche, favorecendo que a mulher canalize sua energia em prol da organização. A citação do auxílio creche ou babá direcionado às mulheres é uma inovação na indústria farmacêutica e sugere um tratamento especial a esse grupo, uma vez que os homens gerentes não têm direito a esse benefício;
- As gerentes acreditam que o fato de serem mulheres não as impede de desempenhar atividade gerencial e percebem a tendência em neutralizar e desassociar o gênero da função. Foi apontado por todas as entrevistadas que o fato de ser mulher gerente em uma indústria farmacêutica rompe com alguns padrões culturais brasileiros;
- Em relação à violência simbólica, os dados apontaram em 8 entrevistas situações de preconceito. Em 6 delas as mulheres não admitiram tratar de preconceito e não se deram conta de que estavam encobrindo atos, discursos e posicionamentos que reproduzem e legitimam as estruturas de dominação masculina na sociedade;
- Identificou-se que os aspectos dificultadores em ser mulher nessa profissão, consistem na dúvida dos homens em relação à capacidade da mulher de realizar algumas tarefas; à necessidade de ter que adotar comportamentos masculinizados (engrossar a voz) para ter credibilidade; à dificuldade para separar o emocional do racional; à necessidade de provar constantemente sua competência para a sociedade; a resistência de algumas pessoas no comando da mulher; ao assédio sexual e à falta de reconhecimento da Instituição;
- A cultura está entrelaçada na disseminação da violência simbólica. Observa-se na concepção do que é ser delegado e do que é ser delegada a influência da dominação masculina na tradução de cada uma, pois trazem conceitos diferentes do que é ser delegada e delegado, que legitimam a dominação do homem e os papéis sexuais culturais de cada um;
- Sobre a relação de gênero e o trabalho de motorista, de acordo com 27% das respostas, as mulheres estão ganhando seu espaço no território tido como masculino – que é o trabalho de motorista – afinal, historicamente, este tipo de trabalho foi construído socialmente como pertencente ao gueto masculino, e isto porque as características que se relacionam à profissão são estereótipos firmados como masculinos;
- As entrevistadas revelam a presença de uma cultura brasileira machista, em que a figura da mulher motorista ainda é rejeitada, vista com desconfiança e considerada menos competente que o homem. No entanto, destacam certas mudanças ao perceberem um aumento de mulheres na profissão e maior aceitação social;
- As mesmas características por vezes usadas para inferiorizar a mulher (gentileza, cautela, educação), são aqui vistas como qualidades que as tornam melhores profissionais. Do mesmo modo, o fato de a maioria (64%) das entrevistadas não mudar de comportamento para serem respeitadas profissionalmente, demonstra autonomia e confiança, o que pode estar relacionado à sua formação acadêmica, uma vez que a educação constitui importante meio de emancipação e empoderamento das mulheres.
Todos os resultados de pesquisa estão na íntegra, no catálogo de publicações do NURTEG, no nome da profa. Dra. Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo, para acessar entre na página descrita abaixo.