Nos últimos anos, diferentes ações governamentais de incentivo à inovação têm auxiliado o Brasil a gerar novas tecnologias e produtos de maior valor agregado. Interessado em investigar o tema, o professor Reynaldo Maia Muniz do Mestrado em Administração da Faculdade Novos Horizontes desenvolveu e coordenou uma pesquisa que analisou os impactos do Programa de Apoio à Pesquisa em Pequenas Empresas (PAPPE) desenvolvido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas (FAPEMIG) e que já deu origem a 200 projetos de empresas de pequeno porte que, em parceria com pesquisadores de universidades e outros centros de pesquisa, conduziram estudos que possibilitaram o desenvolvimento e lançamento de novos produtos em diferentes setores econômicos.
O PAPPE se destaca por ter sido a primeira vez que o governo federal disponibilizou recursos para serem operados regionalmente pelas fundações de amparo à pesquisa nos estados. Outras duas peculiaridades tornaram este programa ainda mais especial: a exigência de que as empresas participantes tinham que ser de pequeno porte e terem que se aliar a uma instituição científica e tecnológica com objetivo de gerar soluções inovadoras. O estudo capitaneado pelo professor Reynaldo chegou a conclusões bastante interessantes em relação ao impacto do PAPPE e que podem contribuir para o aprimoramento do programa.
A pesquisa que contou com apoio da própria FAPEMIG e foi realizada entre dezembro de 2014 e julho de 2016, mostrou que a maior parte dos projetos fomentados pelo PAPPE foram avaliados como inovadores apenas para as empresas (48%) participantes, sendo que a maioria delas (47%) estabeleceu como objetivo a ampliação de seu portfólio de produtos, a partir da utilização dos recursos do programa. A pesquisa constatou, também, que uma grande parte dos projetos (39%) ainda está em fase laboratorial, podendo gerar frutos no futuro.
Um dado que chama a atenção é que dentre os 19 setores econômicos identificados na pesquisa, Biotecnologia e Informática foram os que obtiveram maior participação dentre projetos analisados (20% e 16% respectivamente). Eles também foram os que conseguiram melhor classificação no perfil de inovação em todas as análises realizadas, o que permite inferir que esses foram os setores com melhor desempenho no quesito pesquisa e desenvolvimento.
Esta realidade pode ser comprovada com a experiência de duas empresas que participaram do programa. A BRToken atua no desenvolvimento de tecnologias de autenticação forte e assinatura de transações. No PAPPE, a empresa recebeu recursos para desenvolver um dispositivo de autenticação forte (token) chamado SafeSIGNATURE PKI. Esta tecnologia confere mais segurança para transações bancárias via Internet muito superior àquela oferecida por tokens comuns. Este conhecimento foi incorporado aos produtos da empresa, como o Datablink.
Já na Invent Vision foi desenvolvida uma câmera industrial inteligente dotada de CPU interna que implementa o sistema embutido Linux e a conectividade através de interface ethernet. Esta câmera pode ser utilizada nas mais diversas aplicações em controle de qualidade e controle de processos industriais, integrando a precisão da inspeção automática com a possibilidade cobrir 100% dos produtos inspecionados. Os recursos do PAPPE possibilitaram o desenvolvimento do protótipo desta solução.
Outros projetos também se destacaram, como os das empresas Ecovec, Analógica e Cenatte Embriões Ltda. Confira mais detalhes dos cases de destaque aqui.
Reynaldo Maia Muniz é doutor em Ciência Política e Administração Pública pela Universidad Complutense de Madrid. Foi professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por mais de 30 anos, onde também ocupou diversos cargos na alta administração dentre eles o de Pró-Reitor Adjunto de planejamento e Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas. É pesquisador na área de administração com ênfase em Administração de Empresas, atuando principalmente nos temas estratégia e estrutura organizacional, teoria das organizações, políticas públicas. Passou a integrar o corpo docente do Mestrado em Administração em março deste ano.